O Menino e o Sorvete de Chocolate

Era uma vez, um menino humilde, jovem energético e, em certo sentido, podemos dizer, malandro. Alan vivia com sua mãe em uma casinha pequena e sem reboco, teto sem foro e chão de contrapiso. Ele, menino moleque, adorava jogar bola com os amigos e pregar peças nos vizinhos, mas tudo o que Alan mais desejava na vida era ter um emprego que lhe comprasse liberdade. Não falava disso com ninguém, além de sua família e amigo mais próximo, mas Alan não queria continuar na vida daquele jeito. Não que ele não amasse aquele lugar onde cresceu e aprendeu a ser grande, mas porque sentia que ele tinha outro propósito, e que iria achá-lo em um lugar longe.

Certo dia, Alan ia para a cada de Dona Murta lhe entregar alguns presentes, a mando de sua mãe. No caminho, o sol escaldava a cabeça do menino, e tanto era a intensidade que acreditava estar deveras derretendo em meio aos campos de mato alto. Após uma hora daquele jeito, Alan já se sentia demasiadamente irritado para continuar até a casa de Dona Murta; não aguentaria chegar ao lugar sem parecer irremediavelmente grosseiro, então decidiu descansar na sombra. Foi nesse momento que ele encontrou, brilhando ao pé de uma árvore, algo de formate estranho, jogado de qualquer maneira ali. O objeto lhe chamou a atenção, e com isso Alan o pegou para investigar melhor. Tirou a grama e a terra do lampião dourado e, como em um passe de mágica, viu surgir um vulto do objeto, envolto em nuvens de poeira e brilho. O menino de sobressaltou, quis correr, mas ficara fascinado demais com a repentina aparição.

Disse ele ser o gênio daquela lâmpada, figura que poderia lhe conceder o seu maior desejo: um único desejo, aquilo que o coração do menino mais ansiava por obter. Alan não sabia se ainda respirava.

— Um sorvete de chocolate — disse ele, em um ímpeto de desejo por se refrescar e provar novamente aquele sabor delicioso.

O sorvete acabou logo, mas a vida continuou por muito mais tempo.

*história inspirada no conto de Aladdin.