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IRACEMA, de José de Alencar (resumo)

  • Foto do escritor: Laura Lopes
    Laura Lopes
  • 24 de abr.
  • 6 min de leitura

A história se passa no ano de 1865, e conta a história de amor de uma indígena nativa das terras brasileiras e um europeu, que era frequentemente chamado de guerreiro branco, no período de colonização. A história deles foi inspirada na lenda criada para explicar o nome dado ao Ceará, onde a história se passa. O conto escrito por José de Alencar foi assim feito com um vocabulário que pode ser tanto associado há tempos antigos como a poesia. Sua forma de escrita ao descrever cenários e até mesmo sentimentos humanos, utiliza muito de metáforas e analogias, associando cada um desses com fatos observados na natureza, como quando José escreveu, em uma fala de Iracema "Se a lembrança de Iracema estivesse n'alma do estrangeiro, ela não o deixaria partir. O vento não leva a areia da várzea (planície), quando a areia bebe a água da chuva". No começo da leitura isso pode dificultar o entendimento das narrações, mas com o passar das páginas, o leitor começa a se habituar a essa forma de escrita e se torna mais fácil a compreensão.




A história começa com a aparição repentina do europeu português nas terras dos Tabajaras, tribo que Iracema fazia parte, uma indígena linda e sempre alegre, descrita como tendo lábios de mel —o significado de seu nome. Era filha do pajé, e guardava o segredo da jurema, uma árvore de frutos amargos, da qual era preparada uma bebida alucinógena que só podia ser feita pela filha virgem do pajé, o que significava que ela não poderia pertencer a ninguém, ou então os dois amantes morreriam. Quando o guerreiro branco e Iracema se encontraram, a última disparou contra ele uma flecha, logo se arrependendo ao ver que o europeu, que ela veio a conhecer como Martim, não apresentava nenhuma ameaça.


Iracema o levou às cabanas de sua tribo, que passaram a habitar na selva após terem sido derrotados pelos Pitiguaras, tribo da qual Martim havia se perdido. O guerreiro não foi muito bem-vindo nas terras da tribo Tabajara (também chamada de floresta de Ipu), por ser visto como inimigo, mas foi ainda assim muito bem tratado. Com o passar dos dias vivendo como hóspede junto da tribo, Martim e Iracema se apaixonaram, mas não podiam ficar juntos, pois os dois morreriam se isso acontecesse. 


Para não arriscar a vida da indígena, que no livro ainda é chamada de indiana, por quem se apaixonou, Martim decidiu partir para sua terra natal, onde tinha uma mulher branca o esperando, e Iracema disse que o acompanharia até um lugar seguro. Quando chegou a noite, um guerreiro da tribo dos Tabajaras que tinha visto o beijo que Martim e Iracema deram de noitinha, declarou a ira de Tupã, o Deus da tribo, contra o guerreiro, e por isso Martim teve que voltar até a cabana do pajé, pai de Iracema. No outro dia, vieram os guerreiros e o chefe da tribo, Irapuã, lutar conta Martim. Iracema o protegeu, com Caubi, seu irmão, e mais alguns guerreiros, porém não obtinham vantagem. Quando tudo parecia perdido, eles ouviram o grito de guerra dos Pitiguaras, tribo que controlava as praias e temidos pelos Tabajaras, e foi nesse momento de confusão que Martim escapou. 


Alguns dias depois, Martim encontrou Poti, da tribo Pitiguara, seu amigo, e descobriu que fora ele quem dera o grito de guerra para salvar seu amigo naquele dia. Martim e Poti planejavam fugir, e Iracema aconselhou que esperassem uma comemoração dos Tabajaras, para que esses demorassem a se dar conta de sua partida. Nos dias de espera por essa comemoração, Martim pediu a Iracema que preparasse a bebida da jurema, que o fez dormir e sonhar com ela. No dia da fuga, Iracema quis acompanhar Poti e Martim, ao menos até o fim da floresta de Ipu. Ao chegar lá, estando fora das terras de seus pais, Iracema admitiu que na noite em que Martim dormira, ele não sonhara, e que ela iria o acompanhar até o fim de sua jornada e de seus dias, pois o amava e havia se tornado sua esposa. Os Tabajaras alcançaram os três fugitivos, e tendo que lutar, com o auxílio de mais guerreiros da tribo dos Pitiguaras, chegaram às praias, porém lá Iracema se tornou infeliz, por estar em território inimigo que a fazia lembrar da derrota de sua tribo.


Por causa disso, Martim decidiu que sairiam de lá, e seu grande amigo Poti acompanhou os amantes à procura de um lugar para ficar. Acharam numa praia sua nova morada, e lá construíram suas cabanas. Naquelas praias eles foram felizes, cultivaram o amor e a amizade, criaram memórias de afeto e alegria. Iracema era sempre contente, brincava, amava demais seu esposo, sempre buscado seu carinho, seus olhares e sua companhia, enquanto Martim se tornara um homem realizado, com a esposa e seu melhor amigo, e logo também um futuro herdeiro.


Muitos dias se passaram, onde a felicidade tomava conta de todas as horas dos dias dos três que moravam juntos. Martim havia aderido a raça de sua esposa e de seu amigo, filhos de Tupã. Iracema, sempre radiante, amava o marido cada vez mais. Porém, cada vez mais Martim sentia falta de sua família e amigos do lugar de onde vinha, e se afastava cada vez mais de Iracema, já que a olhar o lembrava que era impossível voltar.


Um dia, Poti avisou que a tribo Pitiguara estava em perigo, e que iria voltar para ajudar na luta, pois ele era chefe de guerra, e Martim quis ir junto. Ele pensou em avisar Iracema de sua partida, mas seu amigo lhe disse que ele fraquejaria caso visse no olhar de sua esposa a tristeza que causaria sua partida, e com isso ele foi, e deixou um recado: uma de suas flechas, e uma flor-de-maracujá, a flor da lembrança, presa a ela, pedindo a Iracema que o esperasse. Ela o fez, o durante vários dias ela chorou esperando a volta de seu esposo naquele mesmo lugar. A falta dele a entristeceu muito, e sua chegada devolveu finalmente a alegria à alma de Iracema.


O amor de Martim de novo não se sustentou por muito tempo, voltando ele a desejar suas origens e se afastar do carinho de Iracema. Numa noite, ele a encontrou chorando fora de sua cabana, pois ela acreditava que Martim desejava a mulher branca que esperava por ele nas terras de seus pais. Martim tentou consolá-la, mas não conseguiu. Outra guerra pediu pela atenção de Martim, e novamente Iracema foi deixada sozinha, esperando a volta do esposo que ela tanto amava. Durante essa espera, nasceu o filho dos dois, exigindo dela muito esforço e sofrimento, por estar sozinha. Mais tarde, veio seu irmão, Caubi, visitar Iracema e conhecer seu sobrinho. Iracema estava nesse dia muito triste, e pediu que seu irmão fosse logo embora para não chateá-lo, e assim estava ela sozinha com seu recém-nascido no colo, quase sem forças de tanto chorar, ainda esperando por Martim.


Esse voltou, e vendo seu filho Moacir, filho da dor, nos braços de sua esposa, cresceu nele grande felicidade, que foi então mascarada pela morte de Iracema. Martim se entristeceu, enterrou sua esposa em baixo do coqueiro que ele amava, e foi assim que a terra ganhou o nome de Ceará, pois Iracema tinha um periquito, ou ara como se era referido na época, seu fiel amigo que, mesmo após sua morte, não a abandonou, e sempre cantava junto do coqueiro o nome da dona. E foi assim também, que nasceu o primeiro cearense. Martim partiu daquelas terras e voltou a Portugal, mas voltava sempre para relembrar as memórias de felicidade que ali foram cultivadas. Poti, seu amigo, algum tempo depois foi batizado, pois não queria que nada estivesse entre ele e Martim, quem considerava como irmão.





O livro Iracema, escrito de forma emocionante por José de Alencar, sem dúvidas nos desperta uma tonelada de sentimentos, por razão de sua linguagem um tanto poética, e também por suas belas analogias e sentimentos muito bem descritos, que fazem com que o leitor sinta cada palavra. A história começa descrevendo a felicidade pura de um europeu com a bela indígena, para nos surpreender com um final devastador. A lenda de como as terras do Ceará ganharam esse nome é, como muitas outras, uma história de amor que acabou mal, mas por ser contada de forma tão intensa, desperta no leitor diversas reações marcantes. Alguns dizem que o livro tem também o intuito de relacionar a relação entre as Américas e a Europa. Martim foi muito bem recebido e tratado por todos os indígenas que conheceu ao longo da história - exceto, claro, aqueles que o quiseram morto por se envolver com Iracema. Iracema seria um anagrama para Américas, e demonstra como esse continente foi submisso à Europa.

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