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DOM CASMURRO, de Machado de Assis (resumo)

  • Foto do escritor: Laura Lopes
    Laura Lopes
  • 1 de mai.
  • 9 min de leitura

Dom Casmurro foi escrito pelo famoso Machado de Assis, um brasileiro, autor de diversas obras literárias. O livro foi publicado em 1899, entretanto, a história se passa, aproximadamente, entre 1857 e 1875. No ano de 1857, Bento, ou como será apelidado mais tarde, Dom Casmurro, tem 15 anos, e o livro narra a história de vida do menino. O livro foi escrito em forma de uma autobiografia feita pelo próprio Bento, onde sua vida, seus amores, seus desafios e decepções, são relatados como se fosse uma história contada por um amigo. Sem perder elementos importantes da época, é possível observar no desenvolver da obra como os pais exerciam grande influência na decisão de carreira de seus filhos, sendo essa uma das principais tramas do livro.


As conversações descritas no livro são de maior contraste com o mundo de agora. O vocabulário, o contexto no qual eram usadas certas palavras, e até mesmo seu modo de escrita, chamam a atenção do leitor dos dias de hoje. É de conhecimento geral que a língua portuguesa se adaptou, com o passar dos séculos, sendo modificada tanto por fatores regionais, quanto pela própria consequência do tempo, onde é normal que se perca tamanha polidez, tão prezada até mesmo em diálogos informais do nosso passado. O melhor jeito para conhecer melhor o passado linguístico da língua no Brasil é lendo obras escritas na época, que não deixam de ser um documento útil na compreensão do nosso passado, uma forma de arquivar na história do livro, a história da própria humanidade, os modos e pensamentos de cada época, impressas nas entrelinhas de obras como essa.




O livro intitulado Dom Casmurro começa por explicar o livro em si. Os capítulos um e dois descrevem o porquê do nome, seguido do porquê do livro estar sendo escrito, pelo ponto de vista do narrador, Dom Casmurro. Bento, o real nome do narrador, adquiriu o apelido de Dom Casmurro quando, pegando o ônibus certa tarde, voltando do trabalho, um rapaz quis lhe recitar um poema. Ele ouviu, mas por conta de um dia cansativo, acabou caindo no sono, coisa que ofendeu o rapaz, e lhe rendeu o apelido, no dia seguinte, de Dom Casmurro.


Nos capítulos que se sucedem, onde a historia começa de fato, nós conhecemos José Dias, um agregado da família, amigo do falecido pai de Bento. Já no começo da história, Bento, com 15 anos de idade, ouve por detrás da porta a acusação de José Dias, que dizia para a mãe de Bento suas preocupações sobre ele e sua vizinha de 14 anos, amigos de infância, que andavam nos cantos, pegando intimidade depressa, algo que na visão do tão estimado José Dias, devia ser corrigido. Ao ouvir a todo esse discurso feito por José Dias, Bento se assustou por não haver ele próprio desconfiado desse suposto amor.


Nos próximos capítulos, dos quais não há mais que três páginas cada, alguns contendo ainda apenas um paragrafo, é feita uma descrição de personagens relevantes, ou seja a família de Bento e também sua vizinha, Capitolina, ou como era chamada por amigos próximos e por Bento, Capitu. Nesses capítulos conhecemos tio Cosme e D. Glória, a mãe de Bento, e ainda um pouco mais de José Dias e a história de como se tornou agregado da família. Os personagens agora citados, junto de prima Justina, moravam juntos, pelo fato de todos os membros da família pelo sague, no momento em que a narração começa, estão enviuvados, e por esse motivo moravam todos na mesma casa, na rua Mata-Cavalos, no Rio de Janeiro.


Voltada a historia para a denúncia de José Dias, Bento, perturbado por ter sido denunciado a ele mesmo, considerava agora esse tal amor entre ele e sua amiga de infância. Após muito refletir e agonizar, ele decide vê-la, achando-a no muro de sua casa, rabiscando algo que ele acaba descobrindo ser o nome dos dois, fazendo assim com que suas suspeitas se concretizassem. Bento e Capitolina, como jazia no murro, estavam agora a se encarar, confessando sentimentos profundos e por muito tempo sentido por eles, sem que nem mesmo se soubesse.


Se você esteve se perguntando o motivo pelo qual a denúncia foi feita, eis a resposta. Após perder o primeiro filho e o marido, D. Glória prometeu a Deus que se houvesse outro, ela o tornaria padre, e um namoro como esse poderia dificultar sua promessa de se cumprir. Foi essa promessa que Bento revelou a Capitu, e ela logo sugeriu que se usasse José Dias para influenciar sua mãe a desistir dessa promessa. Capitu, menina inteligente que era, fez Bento decorar todas as falas descritas por ela, para que eles tivessem alguma chance.


No tal dia, tão ansiosamente esperado por Bento, ele gaguejou tanto que pensou ter deixado o agregado da família com pena, mas este, após ouvir a possibilidade de voltar às suas terras, a Europa, caso conseguisse que Bento fosse para lá, para se formar em direito, ficou animado e comprometido com a tarefa de fazer a cabeça de D. Glória, para que seu filho não mais precisasse se tornar padre. Começou por falar de vocação, que se era inútil criar um padre sem vocação para tal, que em primeiro lugar devia ser considerada a vontade divina, e que caso essa fosse que Bento se formasse em letras, então que assim fosse, sem força-lo a algo diferente da vontade de Deus. Infelizmente isso não surtiu o efeito desejado, uma vez que a mãe de bento estava certa de que o filho nascera pra isso, e tendo o apoio do padre Cabral, a tal vocação não a preocupou.


Apesar dos esforços de Capitu, criando planos que não eram tão fielmente seguidos por Bento, e dos esforços de José Dias, tentando ser o mais discreto possível em sua persuasão —já que havia previamente apoiado com veemência o comprimento da promessa de D. Glória, Bento foi para o seminário meses mais tarde.


Nesse meio tempo, ele e Capitu, cuidadosos para não levantar novas desconfianças, nem cometer ações que provassem as já expressas suspeitas de José Dias, tornando o real motivo pelo qual Bento queria tão pouco tornar-se padre evidente, encontravam-se com frequência, até mesmo conseguindo um beijo ou dois, vivenciando um tão conhecido amor adolescente, quando no mundo não há nada nem ninguém além de seu amado. Na véspera da partida de Bentinho, ele jurou a Capitu, que por sua vez jurou a ele, que só se casariam entre si.


Bentinho partiu, e nos seus anos de seminário, voltava em sábados para poder rever a família, e claro, Capitu. Um desses sábados chegou a ter um ataque de ciúmes de um moço passando a cavalo perto da janela de sua vizinha, e apesar de ter sido a primeira vez, estava longe de ser a ultima, desenvolvendo ele, futuramente, muito ciúmes da esposa, coisa com a qual ela não mostrava incômodo algum. Capitu agora ia frequentemente até a casa da mãe de Bento, lhe fazer companhia, conversar sobre Bento, e agradar o coração da mulher que seria também parte de sua família. Com isso, chegou até a mudar, pouco a pouco, a opinião de José Dias, que até então não a achava digna de Bento.


Nos anos no seminário, Bento fez um amigo em especial, que era o mais estimado por ele, tanto que o levou a conhecer sua família e até mesmo Capitu, confidenciando a ele também sua secreta intenção de não terminar o seminário. Escobar, o amigo, respondeu que também tinha essa intenção, apesar de no seu caso ser por preferir outra careira. Após conseguir que deixasse o seminário, com um plano articulado por José Dias, no qual a mãe de Bento adotou um menino para torna-lo padre, burlando a promessa e livrando bento do seminário, Bento iria estudar na Itália.


Após seus anos de estudo e sua formação, foi anunciado o casamento dele com Capitu, a qual era agora adorada e elogiada por todos da família, como uma verdadeira dama, que após a infeliz morte de sua mãe, começou a cuidar da casa e do pai sozinha, administrando até mesmo o dinheiro. A família de Bento não podia querer esposa melhor para Bentinho, tendo eles assim uma comemoração calorosa, e um casamento feliz, datado no ano de 1865. Bento e Capitu foram muito felizes, fazendo questão de prezar pelo bem estar um do outro, não deixando faltar palavras e ações ternas entre eles. Capitu fazia até mesmo economias, poupando dinheiro das despesas, impressionando seu marido. Escobar, ainda melhor amigo de Bento, casou-se com Sancha, melhor amiga de Capitu, fazendo dos dois casais grandes companheiros, um frequentemente jantando na casa do outro, compartilhando bons momentos. A filha do casal Escobar e Sancha veio logo, porém para Bento e Capitu, essa benção tão essencial para o casal estava demorando o bastante para que começassem as preocupações. Porém, após algum tempo de espera e muitas preces, chegando o pai a dizer a Deus que gostaria até mesmo de um menino fraquinho que fosse, amarelo e doente, o menino Ezequiel que nasceu era saudável e alegre. Foi lhe dado esse nome como segunda opção, por não poder ser exatamente Escobar, em homenagem ao melhor amigo do pai. 


O menino, durante sua fase de desenvolvimento, começou a demonstrar tendências a imitar outras pessoas, coisa que sua mãe reprovava. O tempo passou, Escobar estava planejando uma viajem para a Europa, onde iriam ele, sua esposa, Capitu, Bento e claro, as crianças. Após a ideia ter sido comentada por Sancha, Bento revelou no próximo capitulo que se sentiu atraído pela mulher do amigo, imaginando olhares que afirmavam reciprocidade. No próximo capítulo, porém, essa ideai maluca foi extinguida completamente, dando lugar a uma tragédia, a morte de Escobar, que enquanto nadava no mar, acabou se afogando. Os dias que se passaram foram de extremo pesar para todos os seus amigos, especialmente para Bentinho.


Um certo dia, Capitu casualmente comentou o jeito que seu filho Ezequiel ainda imitava o falecido Escobar. A partir desse momento, Bento começou a reparar em como eles se pareciam muito, seu filho e seu melhor amigo, concluindo por fim que seu filho não era seu. A vida da família mudou totalmente após essa desconfiança, que fez Bento se tornar amargo, ignorar a esposa que tanto amava, e que sempre o encheu de amor e palavras doces. Ignorava o filho, que estava sempre a sua espera para lhe encher de beijos no rosto quando voltava do trabalho, passou a arrumar desculpas para ficar mais tempo na rua, conseguiu por o filho em uma escola integral, onde só precisaria vê-lo nos fins de semana, e ainda se livrava da criança o maior tempo que conseguia em tais ocasiões.


Em um capítulo, ele narra como tentou se envenenar, e como quase acabou envenenando o filho no lugar, quando esse apareceu para se despedir do pai.


Ezequiel estava indo à missa com sua mãe, e quando chegaram em casa, Bento e Capitu finalmente conversaram e, depois de uma discussão, Bento decidiu levar o filho e a esposa para a Europa, na Suíça, para que não precise mais vê-los.


Após a morte de Capitu, seu filho Ezequiel teve de voltar para o Brasil, com seu pai. Este não foi carinhoso, mas o tempo lhe ajudou a não descontar uma raiva da qual o menino nem mesmo tinha culpa. Ezequiel tinha uma viagem para o Egito programada com seus amigos, para seus estudos, e pediu um pouco de dinheiro ao pai.


Alguns dias depois, Dom Casmurro recebeu a noticia do falecimento de Ezequiel, não tendo descrito nenhum tipo de remorso em sua narração, ele termina sua história sozinho, sem a mulher que pensava ser o amor de sua vida, nem quem o trouxe tanta alegria ao nascer. Apesar de toda a dor sentida por Bento, nada, nem ninguém, o fez esquecer sua primeira amiga e primeiro amor.






Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 1839, no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro e morreu em 1908, no Rio de Janeiro, aos 69 anos. Ainda considerado o maior escritor brasileiro, publicou diversos romances românticos, em sua "primeira fase", e também romances realistas, em sua "segunda fase". Foi na segunda fase, como já se deve ter adivinhado, que Dom Casmurro fora publicada, uma obra que nos prende a leitura, descrevendo uma vida um tanto simples, mas que não deixa de ser cativante. No decorrer do livro, enquanto Dom Casmurro narra sua vida e seus sentimentos, como adolescente, moço, e enfim já idoso, muitas pessoas hão de se identificar com eles, mostrando como, apesar do mundo estar em constante evolução, a essência do ser humano não se altera radicalmente, podendo pessoas de agora, identificar-se com pessoas de tantas décadas no passado.


O famoso livro Dom Casmurro pode ser visto tanto com uma viagem no tempo, onde se pode ter uma noção melhor e muito mais clara do que quando se lê um livro didático de história, como também não deixa de ser uma viagem para o nosso interior, nossos sentimentos, quando o leitor se envolve na narração de Bento, tendo a sensação de fazer parte dela. No romance realístico escrito por Machado de Assis, é possível se observar o começo de uma paixão, onde velhos amigos começam a sentir algo a mais um pelo outro, e quando a chama da proibição de acende, essa paixão queima ainda mais forme, levando os amantes, como fizeram Bentinho e Capitu, a prometerem coisas que, muitas vezes, não serão cumpridas, prometendo-se um para o outro. Quando chegou a triste revelação da traição de Capitu, a dor que Bento sentiu foi convertida em ódio, o deixando amargurado, e fazendo sua família se sentir assim também, apesar de Ezequiel ser, na época, muito novo para entender essa distância emocional, é imprudente dizer que não tenha tido o afastamento físico nenhuma consequência. 

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